A vitória que veio do Leste da Europa

26 novembro 2017

A edição de 2017 das AFN 24 Horas TT Vila de Fronteira vai ficar para a história como uma das edições mais animadas e empolgantes da grande maratona de resistência que já conta com 20 anos de existência. Igor Skoks, Rudolfs Skoks e Arvis Pikis conseguiram, ao volante de um Mitsubishi Pajero, bater a forte concorrência para se estrearem no primeiro lugar daquela que é a grande festa de final de temporada do TT em Portugal.

A resistência e a regularidade foram as chaves para que a equipa Tempo 24H inscrevesse o nome dos seus pilotos no longo e rico palmarés da exigente prova que, ano após ano, transforma a vila de Fronteira num verdadeiro local de peregrinação para os muitos adeptos da modalidade. A edição de 2017 foi emocionante e imprevisível.

Quando faltava uma hora para o final da corrida, a formação da Letónia seguia em terceiro lugar. Os pilotos sabiam que, em condições normais, o atraso que tinham para, em especial, a formação que liderava dificilmente os permitiria festejar no lugar mais alto do pódio. Mas foi aí que tudo mudou. Primeiro foi o MMP Evo 3 de Thierry Charbonnier, Paulo Marques, Alexandre Ré e José Pimenta. O quarteto ficou pelo caminho quando o veio primário do carro construído em França cedeu. “Não há nada a fazer”, lamentou Alexandre Ré, ainda com a corrida a decorrer.

Minutos depois, quando faltava meia hora para a bandeira de xadrez, foi a conclusão do golpe de teatro que se assistiu nesta edição. A equipa que dominou a segunda metade das 24 horas, constituída por Mário e Alexandre Andrade, Cédric Duple, Yann Morize e Luís Ribeiro, entrou nas boxes e daí já não saiu com problemas de embraiagem no A.C. Nissan Proto.

A desistência das equipas luso-francesas fez com que a passadeira vermelha se estendesse para o Mitsubishi Pajero de Igor e Rudolfs Skoks e Arvis Pikis que deram 118 voltas ao Terródromo. “Conhecemos bem esta competição. Eu já participei sete vezes e a equipa já a fez por treze ocasiões. Fizemos um excelente trabalho prévio e a táctica funcionou. Já tínhamos conseguido o segundo e o terceiro lugares, mas ganhar é ganhar! Foi uma corrida incrível. A uma hora do final não acreditava que fosse possível vencer! O nosso carro esteve sempre a 100 por cento. Não tivemos nenhum problema mecânico e a vitória é justa, apesar do azar do nosso adversário”, afirmou Rudolfs Skoks que, com 24 anos, é o elemento mais novo da Tempo 24H.

Além da emoção final vivida em Fronteira, a corrida deste ano foi pródiga em incidentes. Foram vários os líderes. Começou a equipa de JC Brochard que esteve na frente durante as primeiras voltas. O domínio foi, contudo, apenas inicial. Depois disso, passaram pelo comando o A.C. Nissan Proto, o Chevrolet de Sébastien Vincendeau e o Sadev Orix de Stéphane Barbry. Durante a primeira metade desta maratona, foram constantes as trocas de líderes. Só depois das 12 horas é que a equipa de Mário Andrade estabilizou. Quando se previa que esta formação voltasse a bater recordes e vencesse em Fronteira pela sexta vez, a mecânica cedeu e foi o Mitsubishi Pajero da Tempo 24H que subiu ao palanque para celebrar o triunfo.

O pódio ficou completo com o Sadev Oryx de Barbry, Pierre e Louis Lauilhe, enquanto a equipa constituída por Michele de Nora, Michelle e Carlo Cinotto e Paolo Bachella, recorreu à X-Raid para, com um Mini All4 Racing, acabar em terceiro. A formação italiana podia ter acabado numa posição ainda melhor, mas o tempo perdido para trocar a caixa de velocidades no carro desenvolvido na Alemanha fez com que perdessem muito tempo e concluíssem a corrida a quatro voltas dos vencedores.

Destaque, também, para Victor Conceição, Nuno Pires e Tiago Rodrigues. No ano em que não houve pilotos portugueses no pódio, o que não acontecia desde 2005, a melhor formação totalmente lusa concluiu em quinto. Foi este trio que deu 110 voltas com a Nissan Navara. A equipa ficou atrás do Propultion Springbok de Andre Bastet.

Ainda não foi desta que o campeão nacional em título enriqueceu o seu palmarés com um triunfo em Fronteira. Depois de se ter sagrado bicampeão português em Portalegre, Ricardo Porém juntou-se a outro campeão nacional, Pedro Grancha. Os dois portugueses partilharam o MMP Rally Raid com Laurent Poletti e Ronald Basso e tinham como objectivo lutar pela vitória. Mas problemas no turbo do carro hipotecaram qualquer hipótese de ganharem a prova organizada pelo ACP. A equipa ficou em décimo, a 12 voltas dos primeiros classificados.

Na categoria T2, os vencedores foram Carlos Faustino, Hélder Cordeiro, Rui Pinho, Pedro Lopes e Jorge Caetano. A equipa do Nissan Pathfinder acabou no 13º posto absoluto e ganhou à Nissan Navara da equipa de Rómulo Branco que, depois de muitas horas na frente, se atrasou de forma irremediável devido à quebra, por duas vezes, dos triângulos de suspensão dianteiros direitos do modelo japonês.

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