São 25 anos de uma história única no todo-o-terreno de Resistência na Europa. Tudo começou em 1998, quando uma equipa de motards surpreendeu as grandes figuras dos automóveis e venceu as primeiras 24 Horas TT de Fronteira com um Nissan Terrano de troféu. Pedro Bianchi Prata, que repetiu o feito no ano seguinte, conta como foi a génese da grande festa do TT em Portugal.
Pedro Bianchi Prata aterrou recentemente em Portugal vindo do Dubai, onde conquistou o seu quarto título mundial de Bajas na classe Veteranos, além do 3.º lugar à geral na Taça do Mundo FIM. Mas o piloto do Marco de Canaveses mostrou o entusiasmo de sempre quando lhe pedimos para recuar 25 anos no tempo e recordar como foi a primeira edição das 24 Horas TT Vila de Fronteira, em 1998, que viria a ganhar ao lado de outros dois motards consagrados, Miguel Farrajota e Bernardo Villar.
"Na altura a Nissan Portugal organizou um projeto tipo 'Campeão dos Campeões', onde os pilotos das motos podiam conduzir os carros e acabámos por fazer os melhores tempos. Foi assim que surgiu o convite para que eu, o Miguel Farrajota e o Bernardo Villar fizéssemos Fronteira com um Nissan Terrano de troféu, com o Luís Dias como diretor da equipa. Lembro-me que estavam lá os grandes campeões nacionais de TT e não só, com carros oficiais, penso que até o Ari Vatanen fez uma dessas primeiras edições, tudo bem preparado. Só que nós fizemos um grande trabalho de equipa, principalmente à noite, no nevoeiro, onde chegámos a ganhar dois minutos por volta. A pista era diferente do que é agora, mais estreita e técnica, talvez a nossa leitura de terreno das motos nos tenha ajudado. O principal problema foi quando o Bernardo entrou nas boxes com um tirante partido e perdemos algum tempo a reparar o carro. Quando eu voltei à pista estávamos em segundos, atrás dos gémeos Almeida, mas consegui passá-los e ganhámos a corrida sem ninguém estar à espera!", recorda Bianchi Prata, com uma memória fotográfica.
Para mais tarde recordar
Mas se a vitória dos motards em 1998 surpreendeu tudo e todos, em 1999 a equipa já estava no lote de favoritos, agora com Hélder Rodrigues e Rúben Faria ao lado de Bianchi Prata e Farrajota. A equipa da Telecel voltou ao topo do pódio em Fronteira.
"No segundo ano deram-nos um carro melhor, com umas suspensões melhores, penso que era o carro da Maria do Céu Pires de Lima. Às 3 horas de prova já estávamos em primeiro. Mais uma vez, a noite foi decisiva, foi aí que voltámos a construir a nossa vitória. Lembro-me que ao todo guiei 13 horas nesse ano, mas continua a ser uma das minhas melhores memórias nas corridas. A prova na altura tinha uma enorme cobertura televisiva, com diretos na SIC e ainda hoje tenho uma foto no meu quarto, lindíssima, onde se vê o meu carro e o helicóptero da TV, com o pôr do sol atrás."
Pedro Bianchi Prata já regressou a Fronteira várias vezes desde essas duas vitórias inaugurais. Já esteve inclusive perto do 'tri' quando a equipa da Vodafone liderou a corrida durante 16 horas. Mas o desafio e a envolvência de Fronteira continuam a dar um caráter especial a este evento, para equipas e adeptos. "É uma verdadeira festa, que dura vários dias. As pessoas acampam, há passeios de TT que acabam em Fronteira, há churrascos, há animação dia e noite, a organização do ACP é uma máquina muito rotinada, com tudo bem montado. Fico contente por estar ligado a esta história de 25 anos e ver como isto ajudou a vila de Fronteira e o Alentejo. Na essência, isto continua a ser muito mais do que uma prova de automóveis", concluiu Bianchi Prata.