O que começou como um desafio internacional, em 1983, acabou por se tornar num dos eventos mais icónicos do todo-o-terreno, em Portugal: as 24 Horas TT de Fronteira. Foi há mais de 40 anos que José Megre e Pedro Cortez, dois pioneiros do todo-o-terreno, participaram nas 24 Horas de Mauleón, em França, ao volante de um UMM.
A prova foi marcada pela superioridade da dupla lusa, que só mesmo no final perdeu as hipóteses de chegar à vitória. A quebra de uma barra de direção e a repetição do problema, logo de seguida, obrigou a preciosos minutos de paragens. Ainda assim, o desempenho e o excelente terceiro lugar conquistado na pista de Mauleón evidenciou a capacidade dos portugueses em rivalizar com as melhores equipas internacionais da modalidade. Mas para além do resultado, foi desta experiência que nasceu a ideia de organizar uma prova de 24 horas de todo-o-terreno em solo português.
Um sonho tornado realidade
A ideia de organizar uma corrida de 24 horas, em Portugal, foi maturada ao longo dos anos, até que, em 1998, finalmente se concretizou com a primeira edição das 24 Horas TT de Fronteira. Sob a designação oficial de "24 Horas Telecel/Vila de Fronteira", o evento foi organizado pelo Clube Aventura e contou com a participação de 30 equipas, das quais 22 chegaram ao final.
A edição de estreia foi um sucesso, com uma equipa de três pilotos provenientes das motos, Pedro Bianchi Prata, Bernardo Vilar e Miguel Farrajota, a conquistarem a vitória ao volante de um Nissan Terrano II V6, superando nomes de peso no todo-o-terreno. Este triunfo inesperado marcou a história da prova e provou o espírito de superação que o evento viria a confirmar ao longo da história.
De Mauleon a Fronteira: um legado que perdura
As 24 Horas de Fronteira rapidamente se tornaram uma referência no panorama desportivo português, atraindo equipas de topo, amadores apaixonados e milhares de espectadores. Desde a inspiração na pista de Mauleon (a mais de 1.300 quilómetros da vila de Fronteira), até à concretização do sonho na vila do Alto Alentejo, esta prova é hoje um símbolo de persistência, entusiasmo e paixão.
A cada edição, a prova hoje organizada pelo Automóvel Club de Portugal honra o legado de José Megre, Pedro Cortez e todos os que tornaram possível este evento único. As 24 Horas de Fronteira são mais do que uma corrida: são um tributo ao espírito aventureiro e à dedicação de quem vive o todo-o-terreno.