Quando perguntamos a Joan “Nani” Roma, “o que preferes Nani, pastéis de nata ou “crema catalana” e duas ou quatro rodas?”, sorri primeiro... fecha os olhos... e diz “uffff essas… são difíceis! Mas mesmo sendo espanhol tenho que admitir que prefiro os pastéis de nata, não há igual. E… as quatro rodas!… Agora!
E complementa: “sou um afortunado, diria mesmo muito afortunado. Tenho o privilégio de poder dizer que corri em duas rodas e corro agora em quatro e venci. Quem sabe um dia corro nos camiões!”, e sorri novamente enquanto se reclina na cadeira.
É com esse mesmo sorriso, pleno de bom humor, e de forma muito descontraída que Nani Roma irá alinhar à partida da 22ª edição da BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira pela primeira vez na sua vasta e galardoada carreira, ao volante de um MMP Evo da equipa de Ricardo Porém, piloto com quem vai ao Dakar 2020.
Nani, nascido a 17 de fevereiro de 1972 em Barcelona, vem de uma família sem qualquer tradição no desporto automóvel e até aos 16 anos para ele só existia futebol. “Era o que tínhamos, sendo miúdos uma bola e duas balizas improvisadas na rua eram o mundo”. Mas Nani também saía de casa na sua bicicleta para ir para os troços do Rally da Catalunha ver passar nomes como Carlos Sainz – por quem esperou várias vezes à porta de um restaurante local só para o ver entrar – Henri Toivonen ou Markku Allen, pilotos que rapidamente se tornaram os seus ídolos e contra os quais viria posteriormente a correr... e vencer.
O menino que sonhava ser um piloto como Sainz iria tornar o seu sonho real. Apesar de assumir que só muito tarde despertou para os desportos motorizados, confessou que tinha apenas 11 anos quando decidiu saltar para o volante do trator Massey Ferguson da família para “ir fazer corridas no monte, era incrível!”. Aos 12 “roubava o carro ao meu pai, escapava por onde podia e... no regresso arcava com as consequências” afirma rindo.
Nani aceitou o convite de Ricardo Porém para estar presente na BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira porque, para lá de ser uma forma de preparar o Dakar 2020, para o qual afirma estar já totalmente preparado, acredita que na sua vida e até morrer – “quando for bem velhinho”, diz a rir – tudo é uma aprendizagem. Veio aprender com a descoberta de um novo carro, uma nova pista, uma forma de correr com tráfego e em circuito fechado, um ambiente que, não lhe sendo desconhecido, não é do todo o habitual. Estas são as aprendizagens que menciona querer levar de Fronteira para o Dakar.
Agora é esperar para ver se, tal como na Baja Portalegre 500 de 2018, será, chegar, ver, aprender… e vencer.